Poema Adeus e interpretação
Adeus
"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,e o que nos ficou não chegapara afastar o frio de quatro paredes.Gastámos tudo menos o silêncio.Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,gastámos as mãos à força de as apertarmos,gastámos o relógio e as pedras das
esquinasem esperas inúteis. Meto as mãos nas algibeiras e não encontro
nada.Antigamente tínhamos tanto para dar um ao
outro;era como se todas as coisas fossem minhas:quanto mais te dava mais tinha para te
dar. Às vezes tu dizias: os teus olhos são
peixes verdes.E eu acreditava.Acreditava,porque ao teu ladotodas as coisas eram possíveis. Mas isso era no tempo dos segredos,era no tempo em que o teu corpo era um
aquário,era no tempo em que os meus olhoseram realmente peixes verdes.Hoje são apenas os meus olhos.É pouco, mas é verdade,uns olhos como todos os outros. Já gastámos as palavras.Quando agora digo: meu amor,já se não passa absolutamente nada.E no entanto, antes das palavras gastas,tenho a certezaque todas as coisas estremeciamsó de murmurar o teu nomeno silêncio do meu coração. Não temos já nada para dar.Dentro de tinão há nada que me peça água.O passado é inútil como um trapo.E já te disse: as palavras estão gastas. Adeus. "
Interpretação:
Eugénio diz que quando gastamos tudo menos o silêncio é altura de
dizer adeus, curioso o paralelismo com os fins das relações em que já não
existem discussões nem gritos mas sim quando não há nada a dizer. “ As palavras estão gastas” o sofrimento permite viver intensamente
amanha, este faz parte da vida tal vez seja por isso que temos que sofrer. Para
podermos apreciar as coisas boas da vida… por vezes achamos que não temos nada
é porque não ligamos ao pouco que temos.“O passado é inútil como um trapo” isto é, o passado já não nos
traz alegria porque é passado.As duas primeiras estrofes remetem para o passado da relação e os
últimos três estrofes relatam o final da relação.
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